Dra. Andrea Jafet – Psiquiatria em São Paulo – SP

Quando falamos em saúde mental, poucos temas despertam tanta curiosidade quanto os transtornos psicóticos. Termos como esquizofrenia, delírio e psicose ainda são cercados de tabus, preconceitos e desinformação — o que, infelizmente, dificulta que muitas pessoas recebam o cuidado que precisam.

Neste artigo, vamos falar de forma clara e acolhedora sobre o que são as psicoses, como identificar os sinais, qual médico procurar e quais são as possibilidades de tratamento. Se você tem dúvidas ou está vivendo algo parecido — ou conhece alguém que esteja —, continue a leitura. Informação é o primeiro passo para o cuidado.

O que é psicose?

Psicose é um termo que descreve um estado mental em que a pessoa perde, de forma temporária ou persistente, o contato com a realidade. Isso pode acontecer de várias maneiras, como:

  • Ter delírios (crenças falsas, que não se baseiam na realidade e que a pessoa defende com convicção)
  • Ter alucinações (ver, ouvir ou sentir coisas que não estão presentes)
  • Apresentar comportamentos desorganizados, fala confusa ou pensamentos desconexos

A psicose não é uma doença em si, mas um conjunto de sintomas que podem aparecer em diversos transtornos mentais — e até em alguns quadros médicos, neurológicos ou induzidos por substâncias.

pessoa enfrentando sintomas da esquizofrenia

O que é um delírio?

O delírio é uma crença falsa, que foge da realidade e que não é compartilhada pelas outras pessoas da cultura ou contexto daquele indivíduo. Quem está em delírio costuma acreditar firmemente em algo que não faz sentido, mesmo diante de provas ou argumentos contrários.

Exemplos comuns de delírios:

  • Delírios persecutórios: a pessoa acredita que está sendo perseguida, espionada ou vigiada.
  • Delírios de grandeza: acredita que tem poderes especiais, é uma figura divina ou famosa.
  • Delírios de ciúme: tem convicção de que o(a) parceiro(a) está traindo, sem nenhuma evidência.
  • Delírios de referência: acha que tudo o que acontece ao redor tem um significado especial voltado a ela (uma notícia no jornal, uma música no rádio, etc.).

Os delírios podem gerar sofrimento intenso e comportamentos de risco, especialmente se envolvem perseguições, desconfianças ou ideias de ameaça.

psicose

E alucinação? É a mesma coisa?

Não! Embora muitas vezes ocorram juntas, alucinação e delírio são coisas diferentes:

  • O delírio é um erro de pensamento e interpretação da realidade.
  • A alucinação é uma percepção sem objeto real — por exemplo, ouvir vozes que não existem ou ver coisas que ninguém mais vê.

A alucinação auditiva, especialmente ouvir vozes que comentam, xingam ou dão ordens, é um dos sintomas mais comuns em quadros psicóticos, especialmente na esquizofrenia.

esquizofrenia: "mente dividida"

O que é esquizofrenia?

A esquizofrenia é um dos principais transtornos que causam sintomas psicóticos. Ela é uma doença mental crônica, que costuma começar no fim da adolescência ou no início da vida adulta e que pode afetar profundamente a forma como a pessoa pensa, sente e se comporta.

Os sintomas da esquizofrenia são divididos em três grupos:

1. Sintomas positivos (o que “aparecem” a mais):

  1. Delírios
  2. Alucinações
  3. Pensamento e fala desorganizados
  4. Comportamento bizarro ou inapropriado

2. Sintomas negativos (o que “desaparece” do funcionamento normal):

  1. Isolamento social
  2. Falta de motivação
  3. Redução da expressão emocional
  4. Dificuldade de sentir prazer

3. Sintomas cognitivos:

  • Dificuldade de concentração
  • Problemas de memória
  • Lenta capacidade de raciocínio

A esquizofrenia não é dividida em “leve ou grave”, mas pode ter apresentações mais sutis ou mais evidentes. E, com tratamento adequado, muitas pessoas conseguem estabilizar os sintomas e retomar suas vidas com autonomia e qualidade.

Psicose não é só esquizofrenia

É importante lembrar que a psicose pode aparecer em vários contextos, como:

  • Transtorno delirante persistente
  • Transtorno esquizoafetivo
  • Transtorno bipolar com sintomas psicóticos
  • Depressão psicótica
  • Transtorno psicótico breve
  • Quadros induzidos por drogas (ex: maconha, LSD, cocaína, álcool)
  • Condições médicas ou neurológicas (como epilepsia, lúpus, tumores cerebrais)

Por isso, o diagnóstico correto depende de uma avaliação cuidadosa feita por um profissional especializado.

psicose

Qual médico trata psicose?

O profissional indicado para tratar quadros psicóticos é o psiquiatra. Ele é o médico que entende os aspectos biológicos, psicológicos e sociais desses transtornos e pode:

  • Fazer o diagnóstico correto (o que é fundamental para definir o tratamento)
  • Prescrever medicamentos antipsicóticos (quando indicados)
  • Avaliar a necessidade de internação (em casos graves)
  • Orientar a família e construir um plano terapêutico em conjunto
  • Trabalhar em rede com psicólogos, terapeutas ocupacionais e serviços de reabilitação

Um pouco sobre mim

Sou médica psiquiatra com mais de 10 anos de atuação clínica. Fiz residência médica em psiquiatria pelo IAMSPE e atualmente trabalho como médica colaboradora do Grupo de Psicoses do Instituto de Psiquiatria da USP (IPq), onde temos um grande foco no cuidado a pacientes com esquizofrenia, psicoses iniciais e risco ultra-alto.

Além disso, coordeno a equipe de interconsulta psiquiátrica do Hospital do Coração (HCor), o que me permite lidar com casos complexos e interligar saúde física e mental no contexto hospitalar.

Atendo em consultório no bairro de Moema, em São Paulo, e também de forma online.

Acredito em um cuidado individualizado, acolhedor e baseado em evidências. Cada história importa, cada pessoa importa.

Como é o tratamento da psicose?

O tratamento da psicose depende da causa, da gravidade e das necessidades individuais de cada pessoa. Em geral, os principais pilares são:

1. Medicação antipsicótica

Os antipsicóticos ajudam a reduzir os sintomas de delírios, alucinações e desorganização do pensamento. Existem várias opções, com diferentes perfis de efeito e vias de administração (comprimidos, gotas ou injetáveis).

Importante: o uso de antipsicóticos deve ser sempre acompanhado por um psiquiatra, para ajustar dose, monitorar efeitos colaterais e garantir o melhor resultado possível.

2. Psicoterapia e reabilitação psicossocial

A psicoterapia, especialmente as abordagens que trabalham com realidade, funcionalidade e fortalecimento da autonomia, é essencial no processo de reabilitação.

Em muitos casos, são indicadas intervenções em grupo, terapia ocupacional, grupos de apoio e inclusão em projetos de vida (trabalho, estudo, lazer).

3. Envolvimento da família

A participação da família é um fator protetor importantíssimo. Por isso, costumo incluir os familiares no processo terapêutico sempre que possível — oferecendo escuta, orientação e estratégias para lidar com os desafios.

A psicose tem cura?

Depende do diagnóstico. Em alguns casos, como o transtorno psicótico breve, a psicose pode desaparecer completamente e não voltar mais. Em outros, como na esquizofrenia, falamos em controle dos sintomas e manutenção da funcionalidade, com possibilidade de recaídas.

O mais importante é saber que existe tratamento eficaz. Quanto mais cedo for iniciado, melhores são os resultados.

E se a pessoa não aceita tratamento?

Esse é um dos desafios mais comuns. Em alguns quadros psicóticos, a pessoa perde o chamado “insight” — ou seja, ela não reconhece que está doente. Nesse contexto, a recusa ao tratamento é frequente.

Nesses casos, é fundamental:

  • Não confrontar de forma agressiva
  • Buscar apoio médico para orientação
  • Avaliar, com o psiquiatra, a necessidade de estratégias legais (como internação involuntária)

O ideal é sempre tentar construir uma aliança terapêutica, respeitando os direitos do paciente, mas também garantindo sua segurança e a da família.

Conclusão: falar sobre psicose é cuidar de saúde mental

Falar sobre psicose, delírio e esquizofrenia com clareza e empatia é um passo fundamental para quebrar preconceitos e promover o cuidado real. Ninguém escolhe ter um transtorno psicótico — e ninguém deveria enfrentar isso sozinho.

Se você percebe mudanças no comportamento de alguém próximo (ou em você mesmo), como desconfianças exageradas, falas desconexas, isolamento, escutar vozes ou acreditar em ideias que ninguém mais compartilha, não hesite em buscar ajuda.

Como psiquiatra, estou aqui para te ouvir e orientar, com escuta qualificada, sigilo e respeito. Não importa o estágio do sofrimento — sempre é possível dar o primeiro passo para recuperar a saúde mental.

Agende uma consulta ou entre em contato:

📍 Atendimento em Moema (São Paulo) e online

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