A maternidade é um momento de grandes transformações físicas, emocionais e sociais. Embora cercada por imagens de amor e plenitude, a chegada de um bebê também pode desencadear sentimentos inesperados, como tristeza, medo, angústia e até mesmo confusão mental. Esses sentimentos fazem parte de um espectro de alterações emocionais que vão desde o conhecido baby blues até quadros graves, como a depressão pós parto e a psicose puerperal.
Neste artigo, vamos falar de forma simples, porém embasada, sobre o que é normal e o que merece atenção nesse período tão sensível da vida da mulher. Se você ou alguém próximo está passando por isso, saiba: você não está sozinha, e há ajuda disponível.

Quem procurar? Quando é hora de buscar apoio?
Se você está sentindo tristeza intensa, ansiedade fora do comum, pensamentos negativos ou dificuldade para cuidar de si ou do seu bebê após o parto, o primeiro passo é procurar ajuda especializada. É muito comum que as mulheres sintam vergonha ou culpa por não estarem “felizes como deveriam”, mas esses sentimentos não são sinais de fraqueza — são sintomas que merecem cuidado.
Como psiquiatra com experiência em saúde mental perinatal, estou aqui para acolher, escutar e ajudar. Meu nome é Dra. Andrea Jafet, sou médica psiquiatra, formada pelo Hospital do Servidor Público Estadual (IAMSPE), colaboradora do Grupo de Psicoses do Instituto de Psiquiatria da USP e coordenadora da equipe de interconsulta psiquiátrica do Hospital do Coração (HCor), em São Paulo. Atendo presencialmente no bairro de Moema e também de forma on-line, com escuta empática, atenção aos detalhes da sua história e plano de tratamento individualizado. Se você está enfrentando dificuldades emocionais após o parto, saiba que pode contar comigo. 💛

O que é o Baby Blues?
O baby blues, também chamado de “tristeza puerperal”, é uma condição leve e bastante comum. Estima-se que até 80% das puérperas passem por isso nos primeiros dias após o parto. Ele costuma surgir entre o segundo e o quinto dia após o nascimento do bebê e desaparece, espontaneamente, em até duas semanas.
Principais sintomas do Baby Blues:
- Choro fácil, muitas vezes sem motivo claro
- Irritabilidade
- Alterações de humor
- Ansiedade leve
- Dificuldade para dormir
- Sensação de sobrecarga
Esses sintomas estão relacionados às intensas alterações hormonais do pós-parto, ao cansaço extremo e à adaptação à nova rotina. Embora seja uma condição autolimitada, o baby blues pode ser angustiante — e o acolhimento faz toda a diferença nesse momento. Apoio da família, escuta sem julgamento e compreensão são fundamentais.
Se os sintomas persistirem por mais de duas semanas, ou se estiverem muito intensos, é importante considerar a possibilidade de um transtorno mais sério, como a depressão pós parto.

O que é a Depressão Pós Parto?
A depressão pós parto é um transtorno mental comum que afeta cerca de 15% das mulheres após o nascimento de um filho. Ao contrário do baby blues, ela não melhora espontaneamente e pode durar meses se não for tratada.
Sintomas mais frequentes:
- Tristeza persistente ou sensação de vazio
- Cansaço excessivo sem melhora com o repouso
- Falta de prazer nas atividades (inclusive em cuidar do bebê)
- Sentimentos de culpa, inutilidade ou fracasso
- Medo de não dar conta, de estar “estragando tudo”
- Irritabilidade, raiva, alterações no apetite e no sono
- Dificuldade de vínculo com o bebê
- Pensamentos negativos recorrentes (inclusive de morte)
É importante destacar que a depressão pós parto pode surgir até um ano após o nascimento do bebê, e não apenas nas primeiras semanas. Isso significa que, mesmo meses depois do parto, a mulher pode desenvolver sintomas e precisar de ajuda.
O impacto da depressão pós parto na mãe, no bebê e na família
Quando não tratada, a depressão pós parto pode prejudicar o vínculo mãe-bebê, afetar o desenvolvimento emocional da criança e sobrecarregar a família. A mulher pode sentir que está falhando como mãe, ter vergonha de expor seu sofrimento e acabar se isolando.
Por isso, o tratamento é essencial — tanto para o bem-estar da mulher quanto para a saúde da relação com o bebê. O acolhimento profissional pode mudar completamente esse percurso.

Psicose Puerperal: o quadro mais grave (e raro)
A psicose puerperal é uma condição psiquiátrica rara, mas grave, que atinge cerca de 1 a cada 1000 puérperas. Ela costuma surgir abruptamente nos primeiros dias ou semanas após o parto e é considerada uma emergência médica.
Sintomas de psicose puerperal:
- Delírios (crenças irreais, como achar que o bebê está em perigo sem motivo)
- Alucinações (ouvir vozes ou ver coisas que não existem)
- Comportamento desorganizado ou agressivo
- Insônia total por vários dias
- Alterações de humor intensas e confusão mental
- Risco de autoagressão ou agressão ao bebê
A psicose puerperal exige internação imediata e tratamento intensivo. Com cuidados adequados, muitas mulheres se recuperam completamente. É importante que a família esteja atenta e não hesite em buscar atendimento de urgência se notar esse tipo de comportamento.

Por que essas condições acontecem?
As causas ainda não são totalmente compreendidas, mas sabe-se que diversos fatores estão envolvidos:
- Alterações hormonais bruscas
- Histórico de depressão ou outros transtornos mentais
- Gravidez não planejada ou indesejada
- Falta de apoio social
- Situações de violência ou abuso
- Parto traumático
- Estresse financeiro, conjugal ou familiar
Essas condições não são culpa da mulher — elas são reações complexas, biológicas e emocionais, diante de um momento extremamente desafiador.

Como é feito o tratamento?
O tratamento vai depender da gravidade do quadro e pode incluir:
1. Psicoterapia
É a base do cuidado. A psicoterapia oferece um espaço seguro para que a mulher possa expressar seus sentimentos, trabalhar a culpa e fortalecer sua autoestima.
2. Medicação
Em alguns casos, especialmente na depressão pós parto moderada a grave, são indicados antidepressivos seguros para o uso na amamentação. A escolha da medicação deve ser feita com cuidado e com orientação de um médico psiquiatra.
3. Apoio da rede familiar
O envolvimento da família e do parceiro é crucial. Dividir tarefas, validar sentimentos e oferecer apoio emocional ajudam na recuperação.
4. Internação (em casos graves)
Nos quadros de psicose puerperal ou risco de suicídio, a hospitalização pode ser necessária para proteção e estabilização.

Como a psiquiatria pode ajudar?
A atuação do psiquiatra é fundamental para diagnóstico, manejo e acompanhamento adequado dessas condições. O tratamento precoce aumenta as chances de uma recuperação completa e evita complicações.
Na minha prática, ofereço acolhimento com escuta ativa, respeito às escolhas da paciente (como a amamentação), e adaptação do plano terapêutico à realidade de cada mulher. A ideia não é “encaixar a mulher no tratamento”, mas personalizar o cuidado para que ele faça sentido e traga alívio real.

Dicas práticas para enfrentar esse período
- Aceite ajuda. Delegue tarefas e aceite o apoio de quem está disposto a ajudar.
- Converse sobre o que sente. Guardar tudo para si só aumenta a dor.
- Evite o perfeccionismo. Ser uma boa mãe não é o mesmo que ser uma mãe perfeita.
- Priorize o autocuidado. Pequenos momentos de descanso e prazer são essenciais.
- Busque informação de qualidade. Evite fóruns com julgamentos e culpabilizações.

Você não está sozinha
Se você está lendo este texto e se reconhece em algum dos quadros que descrevi aqui, saiba: não é frescura, não é drama e muito menos fracasso. É algo que pode acontecer com qualquer mulher — até com as mais planejadas, fortes e amorosas.
A maternidade exige muito, e ninguém deveria passar por esse momento sem apoio. Você merece cuidado, escuta e tratamento.
Conte comigo. 💛
Dra. Andrea Jafet
Médica Psiquiatra | CRM-SP 162903
Atendimento presencial em Moema e on-line
WhatsApp: +55 11 93371-5138
E-mail: consultorioandreajafet@gmail.com
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